quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Campos de Experiência - Educação Infantil Base Nacional Comum Curricular

Base Nacional Comum Curricular Campos de Experiência Educação Infantil 

Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e as brincadeiras, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiência constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte de patrimônio cultural.
A definição e denominação dos campos de experiências também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados às crianças e associados às suas experiências. Considerando esses saberes e conhecimentos, os campos de experiências em que se organiza a BNCC são:


O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, no contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas, que geralmente ocorre na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para as crianças ampliarem o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizarem sua identidade, respeitarem os outros e reconhecerem as diferenças que nos constituem como seres humanos.

Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa 37 EDUCAÇÃO INFANTIL corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem com o corpo suas sensações, funções corporais e, nos seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagó- gicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.).

Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes manifesta- ções artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que elas se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas.

Oralidade e escrita – A Educação Infantil é a etapa em que as crianças estão se apropriando da língua oral e, por meio de variadas situa- ções nas quais podem falar e ouvir, vão ampliando e enriquecendo seus recursos de expressão e de compreensão, seu vocabulário, o que possibilita a internalização de estruturas linguísticas mais complexas. Ouvir a leitura de textos pelo professor é uma das possibilidades mais  ricas de desenvolvimento da oralidade, pelo incentivo à escuta atenta, pela formulação de perguntas e respostas, de questionamentos, pelo convívio com novas palavras e novas estruturas sintáticas, além de se constituir em alternativa para introduzir a criança no universo da escrita. Desde cedo, a criança manifesta desejo de se apropriar da leitura e da escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, gêneros, suportes e portadores. Sobretudo a presença da literatura infantil na Educação Infantil introduz a criança na escrita: além do desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo, a leitura de histórias, contos, fábulas, poemas e cordéis, entre outros, realizada pelo professor, o mediador entre os textos e as crianças, propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como representação da oralidade.

 Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover interações e brincadeiras nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.


sábado, 17 de junho de 2017

Literatura e as Práticas na Educação Infantil

A atividade realizada sobre a literatura “Dorme menino dorme” nos proporcionou refletir sobre as práticas em sala de aula.
A literatura foi apresentada aos alunos das turmas do Infantil IV (Grupo 4) da UMEI Sarah Victalino Gueiros. Inicialmente quando fomos apresentadas as sugestões de atividades tivemos certa resistência para execução, visto que o tema estaria fora do nosso Projeto Institucional que já estava em desenvolvimento. A surpresa foi que em uma conversa informal entre as professoras, um aluno sugere – Poderíamos fazer uma festa do pijama! – à partir disso nos ocorreu o texto de Larrosa onde o mesmo cita que devemos vivenciar as nossas experiências e que poderíamos proporcionar isso aos nossos alunos de uma forma em que tudo faria sentido para eles. Sendo possível observar que quando se permite a criança participar do processo de criação, possibilita a ela os direitos de manifestar suas vivências.
Iniciamos com a proposta de montar o ambiente onde a história se passa, o quarto, solicitamos aos responsáveis que enviasse as crianças para a escola vestidas da forma que elas dormissem, a mesma preocupação tivemos como professoras de ir a caráter.
Nossa tarde então começou com alunos e professoras de pijama, contamos a história utilizando o livro digital. Logo após fizemos uma roda de conversa sobre os conteúdos da história, como era o quarto do menino e como era o quarto dos alunos.
Propomos então que nossa sala de aula se transformasse em um quarto e através da conversa relacionamos os objetos que teríamos no quarto.
Após a montagem do quarto as crianças puderam observá-lo, relatando tudo o que nele tinha, depois de uma forma lúdica e prazerosa vivenciaram suas próprias experiências. Um dia após a “Festa do Pijama”, fizemos a nossa roda de leitura e apresentamos as crianças o livro físico da história, elas ficaram maravilhadas e ao folheá-lo pudemos presenciar, ouvir e prestigiar a história contada pelos alunos. Conversamos então sobre à aula do dia anterior e sugerimos que ilustrassem o quarto da forma como ele ficou na lembrança delas.
Nessa primeira atividade abordamos conteúdos relacionados a Geografia, Matemática, Linguagem oral e escrita, Artes, dentre outras.
Para realizar a proposta da caça ao tesouro, partimos do princípio que para permitir que a criança vivencie de fato uma experiência positiva e significante é preciso assegurar que seus direitos sejam de fato garantidos e respeitados. Para tanto de uma maneira bem lúdica abordamos primeiramente o conteúdo do livro “Dorme, menino, dorme” e utilizamos os recursos tecnológicos que nossa UMEI nos oferece. Sendo assim, contamos a história por meio do recurso audiovisual, passando na TV da sala e ao final conversamos sobre o livro e o que tem no quarto das crianças. Tendo feito esse levantamento prévio escolhemos dois objetos citados pelas crianças para realizar a atividade (travesseiro e urso de pelúcia) e explicamos as regras da brincadeira. Escolhemos um menino e uma menina para realizar os comandos e encontrar assim o “tesouro”. A cada comando dado a turma toda ajudava a contar o número de passos, de saltos e por fim a descobrir qual era o objeto a ser encontrado. Além de trabalhar diversos aspectos de localização, coordenação motora, orientação espacial, matemática, dentre tantos outros conteúdos abordados nessa atividade, permitimos também a troca e interação entre os pares uma vez que todos se ajudavam e se unirem em prol ao um objetivo em comum. As crianças demonstraram grande alegria em participar da caça ao tesouro e percebemos que o ganho cognitivo foi de fato muito grande por permitimos a eles esses momentos de experiências extremamente significativas.
Na proposta do teatro de sombras usamos um tema que faz parte da vivência dos alunos neste ano:  Projeto Alimentação Saudável. Com base nessa temática, fizemos o uso de um poema das hortaliças, usando palitoches. De uma forma bem divertida e dinâmica, onde as crianças participaram com entusiasmo. As crianças adivinhavam o alimento que era descrito ao ser recitado o poema e ao mesmo tempo era apresentada a sombras das frutas, verduras e legumes. Cada acerto se tornava um momento de grande euforia. As crianças foram atraídas pelo jogo das luzes e das sombras. A atividade nos proporcionou trabalhar formas, movimentos e até mesmo sensações. Além da diversão, foi possível permitir as crianças levantarem as hipóteses, assim ver as expressões em seus rostos quando erravam ou acertavam.
Ao final da apresentação as crianças queriam segurar os palitoches, assim o trabalho teve como intenção oferecer às crianças experiências diversas por meio dos objetos concretos, proporcionando observar, sentir e vivenciar.

De fato uma educação baseada no lúdico que respeita o direito de ser criança e aprender brincando favorece a experiências reais, em que os conteúdos trabalhados tocam as crianças e trazem assim um aprendizado efetivo que marca a vida dos educandos.